Sonhos: psicanálise, interpretação e ciência.


Não há como falar sobre sonhos no contexto psicólogo sem falar sobre Freud que no início do século revolucionou essa temática com o livro “A Interpretação dos Sonhos”, momento que para muitos marcou o início da psicanálise. Pensar sobre o conteúdo do sonho, sobre a sua produção, os seus significados e a sua importância na vida de uma pessoa tornaram-se relevantes para eliminar as angústias da vida para vários grupos de pessoas desde então, mas até onde é relevante e saudável pensar sobre os sonhos dessa forma?


Freud descreve o sonho como "uma realização (disfarçada) de um desejo (reprimido)" e deixa uma marca clara de que o sonho possui um significado, esse que precisa de investigação para então eliminar o sofrimento psíquico da pessoa. Algo como se enquanto despertos esse tema que o sonho mostrou fosse impossível de se visualizar e lidar, mas está lá e é um problema que precisa de solução. Existe toda uma estrutura que explica e até faz sentido para quem se aventura no estudo da psicanálise, mas não deve agradar os mais céticos e científicos. Ainda assim fica a dúvida do porquê o sonho é biologicamente relevante.


Para muitos neurocientistas a verdade sobre o sonho é de que há uma experimentação de todo conteúdo vivido enquanto sonhamos. Diversos estudos associam as emoções experimentadas durante a vigília e o conteúdo dos sonhos. Nesse contexto, o sonho nada mais é do que uma necessidade biológica de repouso e digestão de tudo aquilo que experimentamos no estado de vigília e pouco importa o seu tema, a seleção de eventos ou o significado do sonho. Parece satisfatório, mas ainda assim fica uma pulga atrás da orelha questionando o motivo do sonho, o objetivo do sonho e se há algum significado especial assim como a psicanálise sugere e trabalha.


Nos dois contextos, o psicanalítico e neurocientífico, há uma dualidade na interpretação da palavra "SONHO": de um lado há o desejo de algo que não deve se concretizar, mas ainda assim alimenta a alma angustiada com esperança e do outro lado há um jogo perigoso, a fuga da realidade, que pode levar ao vício, a prisão e a loucura. Ambas as traduções são limítrofes entre si e no meio está o sujeito sonhador, mas aqui ainda assim cabe o poder da escolha: você quem deve mandar no seu sonho e não o contrário.

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