PSIONCARE

Falando sério: quem nunca conheceu aquela pessoa que só senta contigo para falar a lista de maldades que juntou no dia anterior sobre todas as pessoas que teve contato? Difícil. Parando para analisar esse movimento de pensar o mal do outro, guardar, procurar alguém para compartilhar e pedir sigilo, é como fazer sexo para essa pessoa maldosa. O momento de compartilhar as maldades com as outras pessoas deve ser o orgasmo. Como se não fosse o suficiente destilar o veneno desse jeito ainda se sente ofendida se alguém a acusa. Nenhum dos defeitos e maldades que encontrou nas outras pessoas lhe cabe, ela é perfeita, religiosa, próxima dos seres superiores, tocada pelos anjos, imaculada, impossível de errar, pecar e ser menor do que qualquer outra pessoa. Parece que é narcisista, solitária e incapaz de ser feliz, não dá para acreditar que consiga ver o bem e ser feliz com outras pessoas. É difícil ter uma pessoa dessas no nosso grupo, porque você sabe que ela pode ...

Pessoas que não choram na frente das outras pessoas, pessoas que tem ataque de risos quando nervosas, pessoas que buscam isolamento, pessoas que demonstram raiva e as pessoas que são puro drama: esses são alguns exemplos de como cada um sofre à sua maneira e não tem nada de errado nisso! Cada pessoa é um mundo particular e a forma como lida com a tristeza também é particular. Um fato é que fingir que não está triste, ou seja, escolher o fingimento é um problema sério. No primeiro momento pode ser que o fingido não perceba nada de diferente, mas no longo prazo muitos problemas mentais e emocionais surgirão com certeza, a emoção "tristeza" tem a sua função no organismo e evitá-la não é pular uma etapa, na verdade é retardar todo o processo. Precisamos normalizar a tristeza assim como normalizamos a alegria ou felicidade. Ficar triste é parte do processo de cura e recuperação, faz parte do luto e completamente normal na vida de qualquer pessoa...

Nossas marcas dizem quem somos, elas são provas do que somos feitos e de que passamos por várias fases na vida, algumas vezes com sucesso saímos vencedores, outras vezes foram fases perdidas e que deixaram o seu aprendizado necessário para não ocorrer de novo: as marcas mais dolorosas e importantes que podemos arquivar no nosso repertório. Existem algumas marcas deixadas por pessoas que são profundas demais e parecem que jamais vão sarar. Algumas vezes a marca de um grande amigo ou familiar, mas muitas outras vezes de um amor, uma paixão, alguém que escolhemos chegar num máximo de intimidade e que nos permitimos abrir, mas que descobrimos mais tarde o quanto não deveríamos, estávamos errados. Essa última marca é a mais difícil de cicatrizar, o pensamento é muito egocêntrico somente na nossa dor e naquele momento de perda, de injustiça, de raiva e de tantos outros sentimentos ruins. Não há uma fórmula mágica para acelerar a cicatrização ou para evitar se feri...

Um pensamento que sempre observo nas redes sociais é o quanto as pessoas se importam com o que os outros podem pensar ou achar daquilo que vão postar. Parece que é um reflexo da vida cotidiana deixar que os outros governem um pouco ou muito as nossas vidas... Parece inocente encher a foto de filtros, perder tempo buscando um texto perfeito ou repetir os cliques milhares de vezes até encontrar a suposta perfeição da foto, mas na verdade não é tão inocente assim. Não é possível se desvencilhar completamente desse pensamento, afinal, nos importamos com o pensamento da família, dos chefes, dos professores, das pessoas que socialmente estão em posição de julgar nossa produtividade e por fim, ditar um pouco as regras daquela parte da nossa vida. O grande tema problemático é quando não percebemos isso e adequamos boa parte da nossa vida para conseguir a aceitação das outras pessoas ao invés da nossa própria. O pior mesmo é quando isso se torna um fator predominante...